Sempre tive a vontade de fazer esta postagem, comentando sobre este mito que move parte do mundo Ocidental, só que não tinha ideia de como fazê-lo, já li muito sobre o tema, até recomendei um livro em uma das postagens ,mas o modo de expressar isso mais claramente, me fugiu um pouco a mente,um meio de pelo menos causar reflexão a cerca da super industria do faturamento, indústria da fé,o mito Jesus Cristo S/A.
E nas minhas "andanças" encontrei no Blog Historiae Religionis esta postagem a seguir.
Em busca do Cristo
Jesus Cristo. Um dos personagens mais famosos da História. Nome fundamental à sustentação do Cristianismo, religião monoteísta com mais adeptos no mundo (2.1 bilhões). Seu suposto ano de nascimento é usado para dividir o calendário ocidental. Ainda assim, sua existência histórica é bastante contestável, não há registros confiáveis sobre sua existência física e vida na Terra, e tudo que se sabe dele provém de relatos cheios de fantasias acreditados por pessoas de fé. Por que a história de um personagem que se supõe que tenha sido tão importante para a humanidade é tão fragmentada e inconsistente?
A existência histórica de Jesus Cristo, da maneira como narra a Bíblia, é um mito, e assim será até surgirem provas do contrário. Muitos historiadores religiosos hesitam em aceitar isto, e se sustentam em documentos antigos cheios de incoerências e referências fracas para dar força ao mito do Cristo bíblico. A história dele é contada originalmente em algumas centenas de escritos antigos chamados evangelhos, dentre os quais muitos foram destruídos e adulterados, e sequer contam uma história preocupada com uma registro fiel de fatos naturais – são bastante parciais. Sendo os evangelhos simples testemunhos de fé, contando histórias fantasiosas, incoerentes e contraditórias, não nos dão garantia de veracidade daquilo que descrevem.
Excetuados os evangelhos, os líderes cristãos sustentam a existência de Jesus Cristo através de supostas referências diretas de historiadores tanto da época em que se supõe que ele tenha existido, quanto de épocas imediatamente posteriores (fim do século I EC e século II EC). Mas a verdade é que os historiadores que viveram durante e depois dessa época jamais fizerem qualquer citação a respeito do Jesus Cristo e dos cristãos que denotasse a possibilidade de que a história evangélica fosse verídica.
Filon de Alexandria (15 AEC – 50 EC)
Filon de Alexandria foi um teólogo e filósofo judeu, falante do grego e conhecedor de Jerusalém, onde residia sua família. Escreveu sobre a história e a religião dos judeus e seus conceitos serviram de base aos escritos do Novo Testamento.
Embora muitos sustentem que ele escreveu sobre Cristo, na verdade ele não faz qualquer referência a tal personagem em seu testemunho. Filon escreveu um tratado, já destruído, sobre Serapis, o Bom Deus, ao qual os evangelhos se assemelham bastante. Ele misturou o judaísmo a crenças e costumes pagãos, criando uma doutrina helenizada, inspirada em Platão, e escreveu grande parte do que hoje é o livro do Apocalipse. Seus conceitos incluem a ideia de que deus e sua palavra são unos; de que a palavra de deus é seu filho primogênito, instrumento de criação do mundo e de unificação, fonte de vida eterna e imutável; de que deus é um espírito trino; de maternidade de uma virgem; de céu e inferno; e de que deus é amor.
Citou Pôncio Pilatos em sua atuação como procurador da Judéia, além de vários fatos e personagens destacados de sua época, tendo sido bastante atualizado com os acontecimentos correntes. Ainda assim não fez qualquer referência a Jesus e seus feitos miraculosos.
Justo de Tiberíades (século I EC)
Justo de Tiberíades, escritor judeu do primeiro século, também ignorou a existência de Jesus, embora vivesse na Galileia e houvesse escrito sobre a história dos judeus desde Moisés até o ano 50 EC. Seus escritos foram perdidos e o que se sabe sobre ele e sua obra advém de Flávio Josefo e de Photios. Flávio Josefo não fez qualquer indicação de que relatos sobre o Cristo houvessem sido feitos por Justos. Photios, patriarca de Constantinopla entre 878-886 EC, escreveu “Bibliotheca” – obra sobre teologia, filosofia, retórica, gramática, física e medicina – comentando nesta a obra de Justo. Photios admitiu que na obra de Justo não havia qualquer referência a Jesus:
“[...] do advento de Cristo, das coisas que lhe aconteceram ou dos milagres que ele realizou, não há absolutamente nenhuma menção.”
Flávio Josefo (37 EC – 103 EC)
Flávio Josefo foi um historiador judeu e fariseu, nascido em Jerusalém e residente em Roma. Escreveu sobre os judeus em História dos Judeus (79 EC) e Antiguidades Judaicas (93 EC). Embora muitos cristãos considerem o testemunho de Josefo em Antiguidades Judaicas uma garantia da existência de Jesus Cristo, já é aceito entre os historiadores que o trecho de sua obra que cita o Cristo é uma alteração de monges copistas. Até a Encyclopedia Britannica, que considera a questão da existência de Cristo algo já “superado” pelas supostas evidências, assume a alteração feita no texto de Josefo. Diz-se no trecho:
“Naquele tempo, nasceu Jesus, homem sábio, se é que se pode chamar homem, realizando coisas admiráveis e ensinando a todos os que quisessem inspirar-se na verdade. Não foi só seguido por muitos hebreus, como por alguns gregos. Era o Cristo. Sendo acusado por nossos chefes, do nosso país ante Pilatos, este o fez sacrificar. Seus seguidores não o abandonaram nem mesmo após sua morte. Vivo e ressuscitado, reapareceu ao terceiro dia após sua morte, como o haviam predito os santos profetas, quando realiza outras mil coisas milagrosas. A sociedade cristã que ainda hoje subsiste, tomou dele o nome que usa“. (Antiguidades Judaicas, capítulo XVIII, página 63)
Obviamente, Flávio Josefo jamais afirmaria tal coisa, pois, como fariseu, ele não acreditaria que Jesus fosse o Cristo, e teria de renunciar a suas crenças para afirmá-lo. Sem falar que ele dedicava parágrafos e parágrafos, capítulos e capítulos de seus escritos a pessoas insignificantes, e pelo que se afirma de Jesus como alguém demasiado extraordinário é notável o tamanho sucinto do trecho que se lhe atribui falando em tal personagem. Além do mais, se esse trecho fosse autêntico teria sido usado pelos patriarcas da Igreja nos anos seguintes, quando estes tentaram provar a existência histórica de Jesus Cristo.
O trecho que cita Jesus e cuja autoria é atribuída a Josefo não foi aprovado pelos exames grafotécnicos, sendo considerando uma inserção fora de contexto e incoerente com o texto completo e com as ideias do autor.
Tácito (56 EC – 120 EC)
Tácito foi um famoso historiador romano. Ele redigiu uma obra chamada Anais (115 EC), onde se refere ao período compreendido entre 14-68 EC. O trecho de sua obra que os cristãos consideram uma referência direta a Jesus Cristo é o seguinte:
“Nero acusa aqueles detestáveis por suas abominações que a multidão chama de cristãos. Esse nome vem de Cristo, que sob o principado de Tibério, foi mandado para o suplício pelo procurador Pôncio Pilatos. Reprimida momentaneamente, essa superstição horrível rebrotou novamente, não apenas na Judéia mas agora dentro de Roma” (Anais, capítulo XV, p. 54)
Esse trecho, na verdade, não faz mais do que se referir àquilo em que acreditavam os cristãos. Além de Tácito não ter sido um historiador muito preciso, os estudiosos suspeitam de que esse trecho tenha sido incluído em sua obra por adulteração – o que explicaria o motivo de os patriarcas da Igreja nunca o terem usado, e de seu uso na comprovação da existência histórica de Jesus ter sido iniciado no século XV EC. Pôncio Pilatos nada escreveu sobre Jesus ao falar do período em que governou, no qual teriam acontecido os fatos descritos no trecho aqui citado da obra de Tácito.
Caio Suetônio (69 EC – 122 EC)
Suetônio foi um grande escritor latino dedicado ao estudo dos costumes romanos e do tempo em que viveu, tendo sido convenientemente indiscreto sobre a vida dos imperadores. Em sua obra História dos Doze Césares (120 EC) falou sobre Augusto, Tibério, Calígula, Cláudio, Nero, Galba, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito e Domiciano. Na parte referente à vida do imperador Cláudio, disse:
“O Imperador expulsou de Roma os judeus que viraram causa permanente de desordem pela pregação de Crestus.” (Vida de Cláudio, cap 25, p. 4)
Esse trecho não pode ser tido como referência a Jesus Cristo por três motivos simples: (1) aqui se fala de “Crestus”, que seria não exatamente o Jesus Cristo, mas um termo genérico que designa o “ungido de deus” e que era utilizado por vários ditos messias da época; (2) ainda que tal trecho se referisse ao Jesus Cristo, seria incoerente, pois se supõe pela história evangélica que Jesus tenha pregado e morrido na época de Tibério, não de Cláudio; (3) os cristãos do Jesus Cristo não faziam manifestações e balbúrdias, pois intencionavam ser discretos para com os líderes romanos, o que indica que esse trecho se refere a outras seitas de judeus, tais como zilotas, essênios ou terapeutas.
Plínio Cecílio (61 EC – 113 EC)
Plínio, o Jovem, foi subpretor da Britínia, e escreveu o principal documento sobre a erupção do Vesúvio (79 EC). Em uma carta de sua autoria endereçada ao imperador Trajano, em 112 EC, pergunta o que fazer com os cristãos.
“Os cristãos têm o hábito de se reunir em um dia fixo para rezar ao Cristo, que consideram Deus, para cantar e jurar não cometer qualquer crime, abstendo-se de roubo, assassinato, adultério e infidelidade”. (Carta a Trajano, cap. X, p. 96)
Não fica claro se a referência é aos adoradores de Crestus ou Cristo, sendo que somente os segundos seriam seguidores do Jesus Cristo. Note-se, ainda, que a simples referência à existência de cristãos não dá evidência alguma de que Jesus Cristo haja existido fisicamente.
As seitas judaicas
Foram os judeus macabeus que lideraram a revolta contra os monarcas selêucidas que garantiu a independência a Israel em 129 AEC, e fundaram a dinastia Asmoneu. Entre 103-76 AEC ocorreu uma guerra civil entre os saduceus – elite influenciada pelo helenismo e aliada aos asmoneus e aos sacerdotes do Templo de Jerusalém – e os fariseus anti-helenizantes – que defendiam uma interpretação das Escrituras que reconhecia a classe dos rabinos.
Em 63 AEC, os romanos invadiram a Palestina, na época tomada pelo sectarismo religioso, e o general Pompeu invadiu o Templo e transformou a Judéia em província romana. Em 48 AEC, Antipater foi nomeado por Roma o governador da Judéia. Em 31 AEC, após conterem uma tentativa de reposição da dinastia Asmoneu no poder, os romanos coroaram Herodes Antipas (filho de Antipater) governador.
Herodes era detestado como monarca. Matou a princesa asmonéia com que havia se casado, além da sogra, do cunhado e quatro filhos seus. Construiu templos pagãos e um hipódromo para lutas de gladiadores em Jerusalém. Em 6 AEC, sob o governo de Herodes, ocorreram 2000 crucificações na Judéia.
Os judeus estavam divididos em quatro seitas: (1) os saduceus eram a elite, influenciados pelo helenismo e dominadores do templo, através de seus sacerdotes; (2) os fariseus intencionavam estabelecer o judaísmo representado pelos rabinos populares; (3) os essênios eram religiosos austeros e abstêmios, preferindo o isolamento; (4) e os zelotes eram radicais pregadores da violência revolucionária contra Roma.
A Judéia mergulhou em uma expectativa insana e apocalíptica da vinda de um messias salvador que viria libertar os judeus da dominação romana e instituir o reino de deus. Uma manada de ditos messias e ungidos de deus mantinha uma balbúrdia intensa e promoviam certa instabilidade política, sendo crucificados aos milhares. Dentro e fora do templo as seitas judaicas estavam em constante conflito, e os zelotes sempre tramavam revoltas contra Roma, conflitavam ardentemente entre si e com as outras seitas e intencionavam promover sua revolta com a liderança de um rei messias.
A partir do ano 6 EC os romanos passaram a exercer o controle da província de maneira direta, através dos prefeitos. Em 64 EC os zelotes finalmente puseram em prática sua rebelião, posteriormente contida pelo general Vespasiano. Na ocasião da véspera do ataque a Jerusalém, Vespasiano voltou para Roma para assumir o trono, e deixou a tarefa de controlar os judeus nas mãos de Tito, seu filho. O ataque ocorreu a 28 de Agosto de 70 EC, arrasando a cidade, destruindo o Templo e escravizando os judeus.
As agitações religiosas persistiram, com muitos judeus sendo mortos ou cometendo suicídio para escapar da escravização romana. Em 132 EC houve uma nova insurreição judaica, liderada por Rabbi Akiva, que proclamou como messias o líder militar Simon Bar Kochba, auto-proclamado Filho da Estrela. No comando do general Júlio Severo os romanos arrasaram 1000 povoados e mataram centenas de milhares de judeus. Em 135 EC o imperador Adriano expulsou os judeus de Jerusalém e renomeou as regiões de Judá, Samaria e Galiléia de Síria Palestina.
O desastre dessa revolta acabou com a influência dos zelotes e consagrou a autoridade dos rabinos fariseus. Em 138 EC, sob o domínio do imperador Antônio Pio, a repressão sobre os judeus foi amenizada e o judaísmo rabínico se expandiu. Mas o Cristianismo já era mais famoso.
A construção do mito
Como dito anteriormente, a figura de Jesus Cristo como personagem de existência física é ignorada dentro da historiografia antiga. Jesus não é citado por nenhum historiador da época em que supostamente existiu, além de outros escritores famosos, tais como Sêneca, Caio Plínio Segundo, Quintiliano, Epitectus, Marcial, Juvenal, Plutarco, etc. Sua história surgiu em um tempo em que os judeus estavam mais convencidos do que nunca da ideia religiosa de que viria um messias salvador, dada a dominação repressiva de Roma sobre a Judéia.
O mito do Jesus Cristo começou com os essênios. Foram eles que idealizaram o messias chamado Crestos, que daria origem às ideias de Cristo e, consequentemente, cristão. Os essênios eram uma seita judaica originada em Alexandria que optava pelo isolamento, pela discrição e pela austeridade, e possuidora de um templo às margens do Jordão. Eles juravam não contar nada sobre a seita aos que não faziam parte dela, ao mesmo tempo em que juravam não esconder nada dos companheiros. Entre os essênios eram renegados os sacrifícios de sangue, coisa que acabou sendo copiada pelo Cristianismo.
O Cristianismo se originou, assim, em uma helenização do judaísmo, misturando-o às ideias de Platão, Cícero e Sêneca. A partir da mistura do judaísmo, o helenismo, a doutrina dos essênios e a moral dos terapeutas – que exaltavam a pobreza, o celibato e o isolacionismo – Filon de Alexandria lançou as bases do Cristianismo sem, contudo, incluir nele a crença em Jesus Cristo.
A crença em Jesus Cristo surgiu, originalmente, a partir da crença no Crestus dos essênios, seguindo a linha de vários mitos de deuses redentores e deuses solares, tais como:
- Krishna – avatar de Vishnu e deus redentor nascido de uma virgem que foi avisada de sua futura concepção por sua mãe, anteriormente avisada pelo deus Vishnu, que determinou o nome que o avatar futuramente nascido deveria receber. O nascimento de Krishna chegou ao conhecimento de pastores, que foram prestar-lhe adoração e presenteá-lo. Kamsa ordenou que se matasse todas as crianças com menos de dois anos para evitar a vinda de Krishna, e prendeu sua mãe. Depois de nascido, Krishna foi entregue a pais adotivos, em Gokula, para escapar de Kamsa. Aos 16 anos saiu pela Índia pregando seus ensinamentos, realizando milagres, curas e ressurreições. Tinha discípulos para os quais falava por meio de parábolas. Krishna morreu no rio Ganges, afligido por uma flecha de um caçador. Os discípulos de Krishna não puderam achar seu corpo, pois ele havia ressuscitado e ascendido aos céus;
- Buda – outro avatar de Vishnu. O nascimento de Buda foi predito a sua mãe por meio dum sonho. Era filho de um príncipe e nasceu num palácio. Seu nascimento resultou em uma benção sobre o mundo, que causou a cura de doentes, frutificação de árvores, mais colorido e fragrância às flores, e bons ventos. Buda impressionou aqueles que estavam presentes na ocasião de seu nascimento ficando de pé. Uma estrela brilhante surgiu no céu quando de seu nascimento. Um velho que foi ver o recém-nascido Buda recebeu o dom da profecia, mas não pode ver seus futuros feitos por já ser um idoso. Com poucos anos de idade começou sua pregação, e passou 49 dias sob a árvore de Bó, onde foi tentado pelo demônio. Converteu muitos com sua pregação. Era revoltado com o poder abusivo dos sacerdotes bamânicos. Foi traído por Davadatta. Após sua morte apareceu aos seus discípulos com uma auréola na cabeça;
- Mitra – deus redentor dos persas. Era o intermediário entre o deus do bem, Aura-Mazda, e os homens. Foi chamado de Senhor e nasceu numa gruta em 25 de Dezembro. Sua mãe foi virgem antes e depois do parto e uma estrela brilhante surgiu no Oriente na ocasião de seu nascimento. Magos o presentearam com incenso, ouro e mirra, e o adoraram. Viveu como um grande mestre fazedor de milagres. Após a morte, ressuscitou;
- Baco – deus do vinho, e também um deus salvador. Fez vários milagres, dentre eles a transformação de água em vinho e a multiplicação de peixes. Quando criança, quiseram matá-lo;
- Hórus – deus solar e redentor dos egípcios. Nasceu da virgem Ísis em 25 de Dezembro. Morreu, desceu ao mundo dos mortos e ressuscitou.
Os deuses redentores costumavam ser também deuses-sol, tais como Átis, Balenho, Joel e Fo. Os nascimentos dos deuses solares coincidem em data como 25 de Dezembro porque é nessa data que ocorre o “renascimento do Sol”: o solstício de Inverno, no hemisfério norte. Inicialmente muito se discutia sobre a data do nascimento de Jesus, tendo sido estipuladas muitas datas entre o fim e o início do ano. Em 525 ficou estabelecida a data de 25 de Dezembo, para solapar as festividades aos deuses de outras culturas que ocorriam nessa data. A morte de Jesus foi fixada entre Março e Abril para coincidir com a Primavera, advindo da crença de que morreu após a Páscoa, época de fertilidade e germinação das folhas. A figura do Jesus Cristo acabou sofrendo uma paganização ao longo do tempo, sendo adicionados a ele e aos seus cultos muitos costumes e crenças de outras culturas, incluindo-o no grupo de deuses solares como seu último representante.
Tertuliano admitiu que o dogma da ressureição tem origem no mito do deus Mitra. São Crisóstomo descreveu Jesus como o “sol da justiça” e Sinésio como o “sol intelectual”. O número de apóstolos em 12 poderia representar, muito provavelmente, os signos zodiacais, dos quais Ísis, mãe de Hórus, era a deusa representante. Ísis pôde manter-se virgem mesmo depois do parto graças aos raios solares, e era costumeiramente representada sentada com Hórus no colo, tal como a virgem Maria dos cristãos – tida como virgem eterna pela Igreja Cristã de Roma. A lenda de Ísis e Hórus fugindo de Seth também se equivale à história de Maria e Jesus fugindo de Herodes.
A ideia de um indivíduo meio deus meio homem já era crença religiosa desgastada na época. A guerra entre um deus do bem e um do mal também já havia sido concebida há muito tempo por Zoroastro, em cuja doutrina se inclui a história do conflito entre Aura-Mazda e Arimã, sendo Mazda auxiliado por seu filho Mitra, que veio a Terra, morreu e ressuscitou. Em épocas em que o mito do Jesus Cristo já estava firmado como a verdadeira história do messias, foram feitas adições de crenças pagas, ocorrendo-lhe uma mistura com Mitra – cuja crença já havia sido transportada para a Sicília –, Osíris e Átis, estes últimos adorados em Alexandria e Roma, respectivamente.
Provavelmente em cópia do Mitraísmo, os primeiros cristãos se reuniam em catacumbas e cavernas e conceberam a ideia de que Jesus havia nascido em uma gruta. Dentre os mitráicos também havia o costume de realizar banquetes subterrâneos nos quais estavam envolvidos o pão e o vinho, como nos ritos solares em geral e no próprio judaísmo. A águia e o touro, animais que simbolizavam Mitra, foram designados a simbolizar João e Lucas. O Cristianismo copiou do Mitraísmo, ainda, o uso da pia batismal com água benta e da cruz, que passou a ser o símbolo máximo dos cristãos a partir do século IV EC.
A figura de Jesus Cristo bíblico é, conclusivamente, não mais que um mito, inicialmente nascido das seitas judaicas que esperavam messias, tendo sido posteriormente “solarizada” pela Igreja Cristã de Roma. Tem pouco de original e nenhuma comprovação histórica consistente que garanta sua suposta existência física.
Na verdade, não existiu um Jesus, mas muitos, sendo este um nome comum no primeiro século. A história judaica registra alguns Yeshuas que se diziam messias, mas nenhum que bata com a história evangélica. O Jesus Cristo que dá base ao Cristianismo não passa de um mito ao qual foram atribuídos doutrinas e ensinamentos originados dos gregos e dos essênios. É um fantasma idealizado por aqueles que quiseram dar forma humana a uma doutrina religiosa que vinha ajuntar os incautos judeus martirizados pela repressão romana.
Referências
Enciclopédia Mirador Internacional. Vol. 12, p. 6488-6496. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda, 1981.
http://super.abril.com.br/religiao/procura-se-jesus-cristo-436480.shtml
http://www.mphp.org/jesus-historico/jesus-o-incomodo-silencio-da-historia.html
http://ateus.net/artigos/critica/jesus-cristo-nunca-existiu/
Postagem feita no
Mais importante do que se explicar o mito Jesus Cristo é conhecer o motivo da sua criação. É uma grande ingenuidade imaginar que o cristianismo tenha surgido de uma grande necessidade religiosa que acometeu o mundo antigo. Claro que não foi assim. A causa foi política e muito simples, podem jogar a hermenêutica e a exegese no lixo. Aqui vão dois textos complementares a respeito. Boa leitura.
ResponderExcluirhttp://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/a-antiga-dec-ncia-crist
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/e-o-mundo-ocidental-quase-foi-judeu
Obrigado por seu comentários e links, o seu comentário enriqueceu ainda mais a postagem.E concordo plenamente com as suas palavras. É sabido que muito da origem do Cristianismo é oriunda de diversos interesses, para não prolongar este comentário, prefiro que quem visualizar o comentário possa também acessar o link fornecido pela amiga Ivani.
ExcluirObrigado e abraços.