Hoje cedo, por volta das 04:00 horas da manhã, quando ia me deitar, fiquei lembrando do meu finado pai, e algumas imagens vieram a minha mente, lembranças boas e más, algumas coisas me chamavam a atenção, e refleti comigo, queria ser honesto e não deixar faltar verdades, e pensando como algumas coisas ainda mesmo que depois de certo tempo ainda continuam com você, sábio foi aquele que disse, você consegue tirar um homem da religião, mas não consegue tirar a religião de dentro dele.
E isso aconteceu comigo da seguinte forma, enquanto me lembrava do meu falecido pai, imaginei um pouco como ele estaria, os ossos se decompondo, o organismo se tornando pó, (uma das poucas verdades da bíblia, do pó viemos ao pó voltaremos).Mas isso apesar de ser de fato o que ocorre, a visão de talvez vida eterna me pareceu, bonita e poética, mas depois também me veio a mente, todo o terror da bíblia, com suas pregações e ameaças divinas ao inferno, e logo essa ideia se tornara, algo que não era bom, ainda mais do modo que meu pai chegou ao fim de sua vida, espero que quando eu ficar mai velho, e me decair fique sozinho para que não vejam o meu sofrer, deixando me agonizar até a morte, digo isso não por orgulho mais sim, por não querer depender de coisas tão simples, depender que as pessoas façam algo que eu mesmo poderia fazer, caso não estivesse tão debilitado, meu pai foi e é o maior exemplo de bom caráter que já tive, me faz muita falta. A fé é sim um conforto para esses momentos, onde o emocional está a flor da pele.
A racionalidade é algo bom, mas também pode ser cruel, o sonho bom de uma ilusão como um ser supremo que guia as leis do Universo, não o Deus da Bíblia, mas uma outra coisa que te acolhe, as leis do Universo, tal como uma coisa que te abraça em um momento que nenhum abraço humano lhe trará tanta paz, e sabe após refletir muito, acho que essa coisa que nos abraça e faz suspirar fundo e seguir em frente é mesmo a Vida.
Uma vida que segue, uma vida que se cria, modifica e constrói, é esse respirar é que nos faz perseverar e continuar, é isso que nos faz olhar para frente e ver que ao nosso redor, temos pessoas que olham com carinho, e que zelam por você, mesmo quando o plástico negro da morte, vem tocar a face e abraçar-nos com suas asas e dar- nos o último beijo de boa noite.
É solitário e egoísta pensar que a morte é ruim, ou que alguém nos deixando é uma maldade, mas com o tempo, a maturidade chega, certas coisas melhoram.
E da forma que vi meu pai se definhando, sim pela idade e não por outros meios que seriam mais traumáticos, sim meu pai já era de idade, sou filho do segundo casamento dele, e isso de forma nenhuma foi motivo para revolta ou coisas do tipo, apenas me fez amadurecer algumas ideias que já tinha comigo, desde novo. E refletindo sobre essa questão de uma força universal que "olharia e zelaria" por nós , como volto a mencionar, não esse ser monstruoso da Bíblia ou nenhum tipo de "Deus" conhecido, por um instante pareceu reconfortante, estar envolto nessa energia, bem que a saudade e o emocional e as lembranças foram responsáveis, por estes momentos, foi bom pensar sobre isso, o silêncio da manhã, me fez refletir e ter certeza de que estou no caminho certo, a maturidade chega, as crenças velhas se tornam coisa do passado, mas mesmo assim ainda alguns fragmentos persistem, e os que persistem são de alguma forma ou outra bons, e por que não dizer que são, reflexos do subconsciente, por que eu ainda sentindo falta do meu pai, e sem nenhum ressentimento ou culpa, gostaria de ver sim, viver momentos com meu pai, até por que eu puxei muitas coisas do gênio dele, e com isso também nos vem a compreensão de que as pessoas nunca morrem, por que deixam antes de morrer, seus genes e a vida prossegue. Sempre lembro do meu pai, um homem simples de bom coração e muitas vezes até ingênuo, mas sempre um bom homem, de bom coração, quem me dera ter a ombridade e humildade, daquele senhorzinho, que trabalhou a vida toda, mesmo com seus problemas, e vindo de um tempo, em que as coisas eram mais difíceis que hoje. Muitas coisas ele me contou a cerca de seus tempos de juventude de trabalho e dificuldade para sustentar suas irmãs (minhas tias) e seus pais.
Penso que consegui expor algumas coisas que estava sentindo, obrigado por me mostrar que o bom da vida está nas coisas simples, do que adianta viver em palácios de ouro se não se tem a felicidade de desfrutar do bom conhecimento da simplicidade, e do aprendizado diário com quem foi e será sempre uma boa lembrança, o que pude fazer enquanto estava vivo, fiz hoje só fica mesmo a saudade e a gratidão.
Isto é simplesmente saudade, muita saudade, mas o tempo irá aos poucos aliviando.
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