“Nascida à beira de um lago de inverno congelado, estátuas de gelo derretem dentro do seu coração, o Sol se esconde agora no inferno de mágoas. Onde os anjos podem chorar e morrer, o bronze, a cor, rostos sofridos. Tua santa não escuta, na verdade nunca esteve lá, nunca existiu. Nascida no Inverno queria sonhar, contente-se com a realidade de nossa solidão”.
Nos olhos do lobo, o beijo da luz da lua, luar frio que ilumina os jardins de além era vitoriana. Os domínios do lobo nunca foram ameaçados. Surge que, pois aquela que o contempla,e converte-se em amor.Estátuas de pedra e limo,jogos sobre o frio tabuleiro.No jazigo ela quer novamente se deitar,agitam-lhe as moléculas de sedução.
Danças no salão ao lado, absinto que resvala entre os lábios, do alto e ao longe se vê o vinhedo. Os corvos dormem, enquanto a noite se esvai escorrendo pelo véu dos céus desenrolando, nefastamente mórbido e sombrio morrer da noite. Carícias de noites que secam rios de lamúria, noites sem rancor. Ainda não estamos mortos, nem sempre chove no inverno.
Apaguem as luzes, o convento não pertence mais a ela, minha prestigiada concubina herege, profanando rosas sem cor, tornando-as escuras, como sua antiga dor de outrora, ao fundo os lobos ainda uivam, agora as estacas do medo não furam teus olhos. Destroçando cânticos da fé, enquanto nos entrelaçamos frente ao lago e o amor fica seguro. Antropomórfico sentimento dos lobos, a volúpiosa luxúria, teu lindo pecado maior de todo o mundo minha noviça.
Prazeres sujeitos sem condenação, o peito livre é como a plenitude dos grãos de areia, que viajam pelo mar rumo às naus do oceano. Neva agora no Norte, mas nas montanhas do Sul, nos aquecemos com a chama impura de seu Calígula interior. Lobo desnudo, círculos no ar, poeira de tuas lembranças não mais lhe atormenta. As carruagens do Sol são puxadas e mais uma noite, em breve o lobo seduzirá e se deixará seduzir. Não mais teu coração nublado, angelical criança teu busto brilha acima dos arbustos do teu jardim, labirinto de pura e bela paz. Não expurguem o amor dos lobos, deixem-nos partilhar disto. A luz de um candelabro, enquanto não findem os momentos ou o respirar cesse e que nos tornemos parte lamacenta de nosso pântanos secos.
Rainha dos lobos, tua coroa concedida da escuridão dos deuses, noviça pura concubina descrente, sem máculas do dito sagrado. Fora da horrenda Transilvânia de teus dias, somos agora donos de nós mesmos neste nosso século, criança minha de Carfax. Lobos não são tão solitários, enxergamos além das telas e o terror das pinturas que lhe seduzem no teto das catedrais. O horror da realidade não oprime desejos, nem tão perto nem tão longe, o sentimento vem como as horas que passam no Big Bang.
A naturalidade do casual, os lobos também amam ao toque ao gosto, rosto e cheiro de além funéreas noites, o calor dos corpos travando-nos ao assento do leito, beijando-a intensamente sobre o ventre.Solene e mórbido,lento e rápido,amor dos lobos e o desejo da carne,de que vales míticos paraísos se não se tem a beleza de poder degustar e desfrutar dos atributos de vigorosa natureza,metamórfico amor dos lobos.
A prata não nos distrai da caçada. Fetos abraçados convertidos ao racional libido de lobos amantes, que são os mesmos diante o espelho cético. Ávido e alvo, puro e real, abraço sutil. Esta forma de amor também se aplica ao dos corvos, que voam nas asas escuras do inverno,amor sem obscuro rancor,livre e sem correntes.Tecidos macios e logo vem o amanhecer, amores sem devanear,sem graus de curva,espinhos,flores mortas,arames farpados,laços ou trapézios arriscados,este sim esta é a verdade dos lobos.
“Nas tardes de inverno, o Sol é sepultado mais cedo e trazem com sua morte, a melancólica agonia. O tempo age de forma destruidora, atraente e sutil, a cada dia se perde um pedaço lentamente.Isso é quão bom e agradável,seria pior o lamento nas lacunas da vida,sem poder definhar. O que torna agonizante pensar em vida ou sofrimento eterno,seria algo vazio que transcende matéria e a razão. “